terça-feira, 10 de agosto de 2010

Declaração Massiva e Pública de Negação Ao Serviço Militar Obrigatório

Eis um texto de anarquistas gregos sobre o serviço militar obrigatório.

Apesar de ser um texto de um país europeu, é simples ver que ele se encaixa em qualquer território deste planeta, líderes mundiais usam exércitos para subjugar, dominar e destruir povos e culturas inteiras a milhares de anos, hoje em dia, a matança da guerra tem um novo nome, Missão de Paz e Missão Humanitária.


Abaixo, o texto na íntegra:



Digamo-lo de uma maneira simples. Não nos agrada fazer a mili [serviço
militar obrigatório]. Não queremos o exército seja para quem for nem para
nada. Repudiamos este mecanismo de poder, de hierarquia, de disciplina
total, de estupidez, de trituração da personalidade, da diferenciação, da
particularidade. Um mecanismo que existe para exercer a violência sobre os
outros, assim como sobre os mesmos “participantes” dele.

Estamos conscientes do papel que ocuparam os exércitos como assassinos ao
longo da história, seja como conquistadores, forças de ocupação ou
ultimamente como “forças de paz” e/ou “missões humanitárias”. Estamos
conscientes também das medalhas do “nosso” exército. Do seu papel nas
ditaduras, tanto antes da 2ª guerra mundial, como durante a ditadura de
1967-1974 na Grécia. Das suas missões internacionais na Ucrânia, na
Coréia, na Bósnia, no Kosovo, no Afeganistão...

Se existe algum significado na palavra pátria, certamente é ódio pelo
vizinho turco, da macedônia ou albanês… Sejamos trabalhadores, estudantes
ou desempregados, somos forçados a engolir as bobagens sobre o respectivo
interesse nacional, que estão servindo os mais ricos e a casta militar da
Grécia (ainda que neste país a milicada seja débil e cada vez mais
desvalorizada). E para nós tá claro, a frente de confrontação que
escolhemos é contra o nosso patrão, contra o político vigarista que nos
governa, contra os capitalistas do país que nos exploram e riem das nossas
caras, contra todo o tipo de fascista da porta ao lado...

Ficamos putos com os gastos militares¹. Há dez anos que terminamos a
escola, muitos já se formaram em uma dessas faculdades gregas,
pouquíssimos conseguiram entrar no mercado de trabalho. Também não
esquecemos das carências dos professores, as infra-estruturas inexistentes
assim como os livros, em geral a falta de possibilidades profissionais...
Já sentimos na pele o terrorismo do salário mínimo, do fardo de saber se
vamos ou não buscar bônus no serviço social, já que nos deu muito trabalho
superar a insegurança de ter ou não ter trabalho. Ao mesmo tempo, mais
aviões militares voam cada vez mais alto e os navios de guerra navegam
cada vez mais longe. Nenhum merda ou milico babão que fale dos inimigos da
nação pode nos convencer da necessidade destes armamentos, destes gastos,
sendo certo que o dogma “se queres a paz, prepara-te para a guerra” é uma
das coisas mais doentias pensadas pelo cérebro humano.

Como é duro engolir o tal chamado papel social do exército. Um capítulo
mais na forma linear da nossa vida. Um ano fora do mundo, longe de todos
os que amamos, de tudo o que fazemos, das nossas lutas. E isto porque “as
experiências do exército são insuperáveis”, ”o ambiente é fantástico” (só
tristeza nos dão estas frases) e, sobretudo porque nos vão transformar em
homens! Mas se o estado de ser homens é o que vocês são, fiquem sozinhos.
Nós permaneceremos crianças, assim podemos buscar a nossa faceta feminina,
ou qualquer outra.

Que sentido tem se não sairmos a gritar?

Sentimo-nos solidários com qualquer pessoa que se negue a integrar-se no
aparato militar, que ponha em dúvida o serviço militar obrigatório, com
sua ausência ou com qualquer outra atitude diferente ou alternativa.
Sentimo-nos solidários com os que burlam o exército e saltam do barco ou
escolhem outro barco. Já é tempo de recusarmos o exército politicamente,
em público, como é devido. Acreditamos que é necessário romper o silêncio
sobre este tema, criar uma ruptura no pensamento servil de que “assim são
as coisas”... É necessário falar explicitamente da abolição do serviço
militar obrigatório (pensando na eliminação do exército em si),
repudiando-o diretamente, rechaçando todo o direito do Exército e do
Estado para impô-lo. Deixemos claro e inegociável o nosso direito à
consciente e comprometido uso do tempo, do estado de ânimo, do
conhecimento e de qualquer capacidade nossa às ações sociais e aos setores
sociais que priorizamos, compreendendo melhor que qualquer aparato
hidrocéfalo de como podemos ser úteis...

Estamos contentes e animados com a nossa rede, e com a decisão espontânea
de marcharmos de mãos dadas. Temos nos encontrado e estamos reunindo
disponibilidades e forças para marchar, não como vocês gostariam, como
algumas pessoas perdidas no presente e no caos dos acontecimentos, mas
como coletividades, pequenas ou maiores, com solidariedade e confiança
mútua, com um discurso agressivo e claro.

Nas listas de serviço militar obrigatório de maio e agosto de 2010, alguns
de nós não vão comparecer nem vamos nos esconder. Vamos pôr roupas de
verão e não uniformes, vamos a um acampamento e não a um quartel. Estamos
conscientes das possíveis conseqüências e assumimos totalmente a
responsabilidade da nossa escolha, recusamos veementemente nosso destino
militar, mantendo intacta a nossa identidade política e social.

Maio de 2010.

Atenas, Tessalônica, Ioannina, Corinto...

[1] A Grécia é o país europeu que, nos últimos tempos, mais investiu em
armamentos. Seu exército é um dos mais numerosos e mais bem equipados da
Europa, na comparação com sua população (11 milhões de habitantes).

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Estudo revela: 99% dos brasileiros têm preconceito contra homossexuais


Clique aqui para ouvir(2'00'' / 470 Kb) - Chega a 99% a fração de brasileiros que manifestaram ter algum grau de preconceito contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, o público LGBT. É o que revela um estudo conduzido pela Fundação ImagePerseu Abramo e pela fundação alemã Rosa Luxemburgo Stiftung, que entrevistaram mais de dois mil adultos nas cinco Regiões do país.

Um dos coordenadores da pesquisa, Gustavo Venturi, esclarece que se feita a pergunta direta “você tem preconceito contra o público LGBT?”, nem todos diriam. Assim, após uma série de questões, a pesquisa conseguiu captar de forma indireta a manifestação do preconceito.

O estudo revela que a homossexualidade é um pecado contra as leis de Deus para quase 60% dos entrevistados. Aproximadamente 50% dos brasileiros disseram ser contra a união entre pessoas do mesmo sexo. E cerca de 30% apontam o homossexualismo como uma doença.

O coordenador Venturi revela uma das razões para os altos índices:

“A sociedade brasileira ainda não encara o preconceito contra o LGBT como algo tão grave como contra outros segmentos da população. Um exemplo disso é o fato de que o PLC 122/2006 [Projeto de Lei], que pretende criminalizar a homofobia, está parado no Senado Federal, enquanto, o crime contra racismo já foi tipificado em lei.”

Venturi ressalta que outro fator que reforça o preconceito está na concepção de preferência sexual:

“Ao entender que se trata de uma opção, de uma escolha, algumas pessoas, ainda que inconscientemente, raciocinam da seguinte forma: ‘Bem, se o fulano ou a fulana decide ser homossexual, isso é um escolha deles, portanto é um problema deles. Eu me dou o direito de criticar essa escolha, ou seja, de puni-los e descriminá-los’ .”

De São Paulo, da Radioagência NP, Desirèe Luíse.
10/02/09
http://www.radioage ncianp.com. br/index. php?option= com_content&task=view&id=6241&Itemid=1

HOSTILIDADES CONTRA AS COMUNIDADES ZAPATISTAS.

Luís Hernández Navarro. La Jornada, 10/02/2009.

Em Chiapas, a hostilidade contra as comunidades zapatistas segue um rumo bem preciso. Como se estivessem numa rodovia cheias de sobe e desce, grupos camponeses ligados ao governo estadual se alternam em várias regiões para procurar desgastar a resistência indígena. De norte a sul, de leste a oeste dos territórios rebeldes, um exército de siglas que falam em nome dos camponeses provocam regular e sistematicamente as bases de apoio que se recusam terminantemente a manter relações com o governo.

Não há trégua na provocação. Trata-se de não dar sossego àqueles que têm se atrevido a construir sua autonomia sem pedir permissão. Um dia ocupam suas terras, em outro roubam seu café ou seu gado, em outro ainda rompem cercas, no seguinte destroem pequenas hortas nas quais cresce o café aromático. Não perdem o momento oportuno para tecerem emboscadas contra os rebeldes, para brandirem o facão ou atirarem com as carabinas.

Um manto de impunidade protege os agressores, a lei não é para eles. Os enfrentamentos de camponeses contra camponeses e de indígenas contra indígenas têm sido prática comum do poder. Eles são a ferramenta para transformá-la em realidade. Por seus serviços cobram propinas extraídas do orçamento dos recursos destinados ao combate da pobreza e ao desenvolvimento agropecuário e, quando tem mais sorte, ocupam cargos públicos.

Durante os anos posteriores ao levante armado, a maioria das organizações mercenárias pertencia às fileiras do Partido Revolucionário Institucional (PRI). Nômades da política, desde o ano 2000, têm mudado de domicílio para a sede do Partido da Revolução Democrática (PRD). O sol asteca em Chiapas [o PRD] não é só o meio para realizar a fraude contra os seus e ungir como dirigente Jesús Ortega, como também é esconderijo de paramilitares.

Um dos últimos episódios da guerra que não diz o seu nome contra os zapatistas corre por conta da Organização Regional dos Cafeicultores de Ocosingo (ORCAO). Enquanto o EZLN celebrava em San Cristóbal de las Casas o Festival da Digna Raiva, integrantes desta organização tentaram tomar de um grupo de indígenas zapatistas um terreno de 500 hectares localizado em Bosque Bonito, no município autônomo Che Guevara.

Sua aposta foi alta. Se o que se queria fazer era deslegitimar os zapatistas, a representação teatral não poderia ter ocorrido em melhor momento. Numa reunião internacional de alto nível, perante centenas de convidados de vários países, com os refletores dos meios de comunicação sobre eles, a organização dos cafeicultores se apresentou como vítima, e “exibiu” os rebeldes como uma força “questionada” por um grupo de indígenas. A provocação não foi uma causalidade, nem um fato que “saiu do controle”. Foi algo programado.

A ORCAO não foi sempre assim. Durante vários anos manteve uma estreita relação com o zapatismo. Contudo, rompeu este vínculo entre 1997 e 1999, e sua direção começou então a disputar a base social rebelde com ajudas governamentais e cargos de representação popular de seus dirigentes. Com a chegada ao governo estadual de Pablo Salazar, a ruptura se transformou em conflito crescente. Em 2002, as agressões da organização de cafeicultores contra as bases zapatistas se identificaram de forma dramática.

A ORCAO se formou em 1988, com 12 comunidades de Sibacjá, no município de Ocosingo. Pouco tempo depois, se uniram a ela outros povoados até somar quase 90. Suas reivindicações originais consistiam tanto na busca de melhores preços para o café (que, em 1989, havia caído dramaticamente) como na solução da questão agrária. Em 1992, no contexto da comemoração dos 500 anos de resistência indígena, negra e popular, reivindicou a autodeterminação indígena, se opôs à reforma do artigo 27 da constituição e exigiu liberdade, justiça e democracia.

A ORCAO integra a União Nacional de Organizações Regionais Camponesas Autônomas (UNORCA) em Chiapas. Como tem acontecido a quase todas as organizações camponesas do Estado, nacionais e locais, que integram a UNORCA, sofrem um processo inarrestável de decomposição, dispersão e divisão internas. A ORCAO dirige a UNORCA no Estado. Juan Vazquez, um de seus principais líderes, é representante para a reconciliação do governo de Juan Sabines. A organização mantém vínculos estreitos com esta administração. A maioria de seus líderes integra o PRD.

Em dezembro de 2007, o EZLN pôs em andamento uma reforma agrária a partir de baixo, com base na Lei Agrária Zapatista. A medida respondia, em parte, à decisão governamental de reconhecer direitos sobre a terra ocupada pelos rebeldes a outros grupos camponeses. Com isso, a administração pública federal e estadual semearam a semente da discórdia entre os pobres. No dia 15 de maio de 2008, os zapatistas avisaram a ORCAO que delimitariam as terras recuperadas em 1994 para quantificá-las em hectares e distribuí-las. A resposta da organização de cafeicultores não se fez esperar: arrendou e vendeu suas terras, invadiu terrenos de bases zapatistas, roubou e feriu animais de seus adversários e agrediu violentamente comunidades em rebeldia.

Os rebeldes não são a única associação a ter graves conflitos com a ORCAO. A Organização Camponesa Emiliano Zapata (OCEZ), que nada tem a ver com o EZLN, reclamou publicamente a Juan Sabines de que “vários funcionários do governo que você encabeça têm semeado abusos, mutretas, descumprimento de acordos e constantes provocações pelo hoje ex-prefeito de Ocosingo José Pérez Gómez e o grupo paramilitar incrustado na ORCAO que ele mesmo dirige, os quais pretendem cometer a vergonhosa injustiça de expropriar de seus legítimos direitos ejidais 10 indígenas tzeltales, que são companheiros nossos da OCEZ-FNLS”.

O que aconteceu em Bosque Bonito não foi um enfrentamento, mas sim uma agressão da ORCAO contra os zapatistas, uma provocação propriamente dita que não transbordou suas proporções graças à prudência rebelde.

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As informações sobre o livro EM BUSCA DA LIBERDADE - TRAÇOS DAS LUTAS ESCRAVAS NO BRASIL podem ser obtidas junto à Editora Expressão Popular através do e-mail vendas@expressaopopular.com.br ou do telefone (11) 3112.0941.

Fórum Mundial "Policial"

Enviado por: "Alexandre Amaral" alexandrecezaramara l@yahoo.com. br alexandrecezaramara l

Sáb, 31 de Jan de 2009 12:16 pm


Fórum Mundial "Policial"
Governo financia Fórum com R$ 86 milhões: R$ 50 milhões para a polícia

O evento da "esquerda democrática" tem servido para o governo do PT no estado, de Ana Júlia Carepa, investir cada vez mais em repressão contra a população pobre

31 de janeiro de 2009

O Fórum Social Mundial, encontro financiado pelo governo e por capitalistas, que está sendo realizado em Belém, no Pará, tem sido, ao contrário do que divulgam seus organizadores, e inclusive partidos ditos de esquerda, como o Psol e o PSTU, entusiastas participantes, ou seja, que seria um encontro de discussão democrático, uma verdadeira frente de repressão do governo estadual, de Júlia Carepa, do PT e do governo Lula.

Para o evento, o governo federal, por meio de ministérios e de estatais repassou R$ 86 milhões para o fórum, sendo que R$ 50 milhões foram destinados para a Polícia Militar, para a compra de armas, câmeras e equipamentos policiais.

Foram quatro ministérios (Saúde, Trabalho, Educação e Turismo) e duas estatais que garantiram o repasse milionário, fator de controle completo do governo sobre o Fórum.
Este encontro não é só financiado por governos da oligarquia, mas pelas forças repressivas deste governo.

O governo de Ana Júlia Carepa, do PT do Pará, é conhecido por promover uma série de atividades repressivas contra os sem-terra, as mulheres e a população mais pobre do estado.

Foi neste governo que os latifundiários realizaram a operação "Paz no Campo" contra os sem-terra, que incluiu diversas tropas policiais para perseguir famílias de sem-terra e trabalhadores rurais no campo.

Neste governo foram denunciadas também dezenas de casos de mulheres que foram encarceradas com homens por falta de prisões ou por acordo com o aparelho prisional para forçar mulheres a venderem seus corpos na prisão, fato gravíssimo que foi minimizado pela imprensa e pelo governo federal.

O comandante da operação repressiva é o Delegado Geral de Polícia, Raimundo Benassuly, o mesmo que defendeu os estado das acusações de deixarem mulheres serem presas nas penitenciárias com homens, caso que veio à tona há dois anos, mas que continua sendo comum nas prisões deste e de outros estados.

Em meio ao Fórum, e antes deste, foi desbaratada a chamada "Operação Reação" da Polícia Civil, para perseguir e prender a população negra e pobre de Belém.

Os policiais civis de Belém do Pará estão realizando rondas ostensivas desde o dia 8 de janeiro revistando um número imenso de pessoas nas periferias, adotando o regime de intolerância total, tudo isso para defender os turistas, muitos dos quais estrangeiros que participam de atividades do Fórum.

O Fórum Social Mundial é uma atividade da esquerda estatal, financiada por capitalistas e uma frente do governo repressivo de Lula para aperfeiçoar seus métodos de repressão contra o povo.

Um negro no comando do imperialismo decadente

Do Boletim DESATAI O FUTURO
Por Mara Onijá

Explosão da bolha imobiliária, quebra de bancos, recessão, níveis de desemprego subindo assustadoramente. Reprovação do ex-governo Bush por 80% da população, marcado por uma guerra que colocou os Estados Unidos num atoleiro, expressando a decadência da maior potência imperialista do mundo.
Foi neste cenário que emergiu Barack Obama, não apenas como a esperança para a população dos Estados Unidos, mas demonstrando- se também como um ícone internacional. Ao longo de sua campanha, Obama buscou se diferenciar, propagando as promessas de retirada das tropas do Iraque, o fechamento da prisão de Guantánamo, e outras medidas mais. Mas é principalmente a expectativa de que Obama consiga dar uma resposta à crise econômica – através de uma suposta ação “mais responsável” por parte do Estado – que move milhões de pessoas em apoio ao novo presidente dos Estados Unidos.
Sem dúvida, a comunidade negra dos Estados Unidos – e de muitos outros países, como o Brasil – comemorou a vitória de Barack Obama. Entre os negros, os votos para o democrata foram quase absolutos. Entre o público presente em Washington no dia 20 de janeiro, eram muitos os negros que se emocionaram e choraram ouvindo as palavras de Obama e as canções de Aretha Franklin.
Não é mesmo um fato qualquer: há cerca de quarenta anos atrás, os pais ou avós dessas mesmas pessoas viviam submetidos à segregação racial que se manifestava nos bancos de ônibus, nos restaurantes, nas escolas, nas empresas. Até os dias de hoje, apesar de ações afirmativas de porte considerável por parte do Estado, como política para amenizar o conflito racial latente, terem formado uma espécie de classe média negra, as condições de vida da maior parte da população negra ainda estão marcadas por uma história de opressão. Não são necessários muitos exemplos. Basta lembrar do Katrina em New Orleans há poucos anos atrás: enquanto os brancos saíram da cidade antes do furacão, os negros permaneceram ali por dias esperando socorro, e quando a Guarda Nacional chegou, seu papel foi de reprimir os moradores, fazendo com que saíssem de suas casas com armas apontadas para suas cabeças. Outra demonstração de como o racismo persiste na sociedade estadounidense está na gritante disparidade de renda: em 2004, a renda de uma família negra equivalia a 58% da renda de uma família branca. Hoje, nos marcos de uma crise histórica do capitalismo, a burguesia não demora em atacar os trabalhadores, começando pelos terceirizados e precarizados – onde os negros ocupam grande parte dos postos de trabalho. A equiparação dos salários de homens e mulheres, medida anunciada nos primeiros dias de governo, não atinge os setores precarizados, que além de destituídos dos mais elementares direitos, são agora os primeiros nomes nas listas de demissões.
O discurso de Obama, proclamando a união acima das raças e religiões, ao contrário de ser uma declaração que afirme a necessidade de que o povo negro se organize e lute contra o racismo, está na verdade baseada na concepção que expressou em sua campanha de que os Estados Unidos devem deixar para trás as velhas marcas do passado. Como um verdadeiro defensor da ordem capitalista, Obama não pode escancarar a realidade em que vive o povo negro. Por isso, durante a campanha, ele rompeu sua relação de anos com o pastor Jeremiah Wright, por este ter declarado que os negros deveriam julgar os Estados Unidos por suas injustiças raciais.
Obama é hoje o maior símbolo da possibilidade de que os negros podem ascender ao poder. Condollezza Rice, talvez o maior ícone nesse sentido antes da aparição de Obama como candidato à presidência, ajuda a ilustrar o papel que cumprem aqueles que Solano Trindade chamava em sua poesia de “negros senhores na América”: tornam-se algozes do seu próprio povo e dos povos oprimidos no mundo. Assim foi Rice, comandando a ofensiva no Iraque.
Mas Obama traz consigo mudanças, dirão muitos. Sem dúvida, a política de Obama não é a mesma unilateral adotada por Bush ao longo dos últimos anos. Muita coisa mudou nos últimos meses e a resposta que Obama precisa dar é justamente como retomar a força de seu país como principal potência, o que exige uma relocalização na arena internacional, que seu discurso “cooperativista” simboliza. “Nós estamos prontos para liderar mais uma vez”. Essas foram suas palavras no dia 20. E “liderar mais uma vez” significa liderar um mundo capitalista em crise, que para se recuperar jogará sobre as costas dos trabalhadores e dos povos oprimidos as mais brutais violências. Afeganistão e Paquistão seguem na lista de Obama.. A ocupação do Haiti pelas tropas da ONU, que já dura quatro anos após o golpe orquestrado pelos Estados Unidos, vai permanecer, e Obama nem pensa em mudar isso. O imperialismo não deixará de ser imperialismo, não deixará de ser opressor pelo fato de contar com um homem negro em sua linha de frente..
Se por um lado a eleição de Obama proporcionou que os negros aumentassem as expectativas por um mundo onde não mais exista racismo, por outro lado, a crise capitalista e as saídas que os imperialismos buscarão significam o aprofundamento da opressão e exploração daqueles que há séculos constroem riquezas e vivem subjugados, primeiro sob o colonialismo e hoje sob o imperialismo. Não resta outra saída para nós, negros e negras de todo o mundo: Malcolm X já havia dito que “sem racismo não existe capitalismo”. Um negro que ocupa o posto de mais alto poder no mundo, em defesa da sobrevivência do imperialismo, não poderá nunca combater de fato o racismo. Esta tarefa deve estar nas mãos dos milhões de negros numa luta anti-imperialista e anti-capitalista.

Academia de Platão chega aos pobres - mas não só!

Universidade São Marcos, há 40 anos na cidade de São Paulo, criará licenciatura gratuita em filosofia. Com mais um novo prédio, a "Unidade ABC", a universidade trouxe para seus quadros o filósofo brasileiro Paulo Ghiraldelli Jr. com o objetivo de criar uma licenciatura inteiramente gratuita em filosofia. O curso será criado ainda este primeiro semestre de 2009, e deverá iniciar suas aulas em agosto. As vagas são divididas em dois grupos: metade das vagas serão dirigidas preferencialmente para membros da comunidade carente de Heliópolis, que já foi a maior favela da cidade de São Paulo; a outra metade das vagas será dirigida para o público em geral, independente de vinculações com bairros ou comunidades carentes.

A iniciativa é inédita, pois não se trata de bolsas de estudos e nem mesmo de uma estratégia para abrir um curso e cobrar depois. O curso de filosofia será criado no regime de funcionamento como em uma universidade pública - inteiramente gratuito - e com seus professores todos doutores e/ou livre-docentes e/ou titulares. Todavia, terá mais vantagens que em uma universidade pública, uma vez que o curso será presencial e terá apoio online (em forma de circuito de tv online ao vivo) 24 horas por dia. Sendo assim, mesmo nas madrugadas o estudante poderá contar com seus professores. Servirá como piloto para aquilo que o diretor executivo da Universidade, Ernani de Paula, está chamando de "Universidade 24 horas", e que ele quer implantar em todos os seus cursos no futuro.

Estudantes de todo o Brasil poderão vir estudar na São Marcos, uma vez que a região do bairro do Ipiranga e do ABC possui moradia barata, permitindo a criação de "repúblicas estudantis". O gasto com uma "república" é diminuto, e não tendo de pagar a escola o estudante terá condições de se fixar na cidade de São Paulo durante o período de curso, que são de apenas três anos, de acordo com as regras atuais do MEC. O estudante sai com o grau de licenciado em filosofia, podendo atuar no Ensino Médio, nos meios culturais, na imprensa ou seguir seus estudos em nível de mestrado.

Além disso, o curso de filosofia conterá um "laboratório de ética aplicada", com produção de programas de TV em filosofia, ajudando o aluno não só a aprender o conteúdo do curso, mas a desenvolver ele próprio material cultural para as "mídias contemporâneas". "Isso pode gerar um novo campo de trabalho para os filósofos" - como afirmam os dirigentes da São Marcos.

Universidade São Marcos - www.smarcos.br

Dúvidas? Veja aqui: pgjr23@gmail.com

Carnaval no Impróprio!

Dois dias de festa, música e política!
| Veganismo | autogestão | ação-direta | música | faça-você-mesm# |
política |

"não somos nada se não formos tudo ao mesmo tempo..."

SÁBADO

Dia 21 de Fevereiro
a partir das 13h
Entrada 6$

Atividades:

Bate-papo sobre Permacultura, seguida de oficina de horta e compostagem em
lugares pequenos
(Você Tem Que Desistir)

Debate/palestra:
"Crítica à Modernidade"
Formas de vida, necessidades criadas e transtornos que não são mais que
consequências da modernidade. O que isso tem a ver com o Veganismo?
(Coordinadora de Liberación Animal Buenos Aires)

Exibição do Vídeo "Breaking the Spells", seguido de debate
A partir da exibição do filme "Breaking The Spells", de autoria da
Crimethinc, onde é retratado, pelos própios indivíduos envolvidos, toda a
efervescência dos atos anti-globalizaçã o que acorreram em Seatle 1999, e
pela exibição do trailer do filme hollywoodiano "Batle in Seatle",
análogo pelo assunto ao primeiro, mas produzido pela Reedwood Palms Pictures,
será aberto um debate para entendermos melhor como a espetacularizaçã o
sistemática da resistência tem como conseqüência, além de todo o lucro
gerado, o esvaziamento do sentimento de possibilidade de atuação pelo
distanciamento do indivíduo (agora na condição de espectador) do ato em si,
da resistência propiamente dita, e do aprisionamento temporal dos
acontecimentos, como sendo algo restrito aquele tempo-espaço e não sendo
constante, assim, mais uma vez, afogando as possibilidades de atuação pela
condição contemplativa do passado própia do espectador.

Show com as bandas:

Animinimalista (argentina) - http://myspace. com/animinimyspa ce
Fuera de Línea (chile) - www.myspace. com/fueradelinea
Vivenciar (rio de janeiro) - http://www.myspace. com/vivenciar
Você Tem Que Desistir (sp)

DOMINGO

Dia 22/02
a partir das 13h
Entrada 6$

Atividades:

Oficina de serigrafia caseira

Oficina de Áudio DIY
(Você Tem Que Desistir)

Debate/palestra:
"Críticas aos modelos políticos humanistas-antropoc entricos"
Vivemos em uma sociedade que tem como parâmetro somente as necessidades
humanas. Como anarquistas e vegans lutamos contra isso.
(Coordinadora de Liberación Animal Buenos Aires)

Exibição do Vídeo Sinfonia Animal, seguido de bate-papo
Relações entre animais humanos e não humanos no espaço urbano,
imposição/roubo do espaço.

Show com as bandas:

Los Perversos (argentina) - http://www.myspace. com/losperversos
Intenta Detenerme (chile) - www.myspace. com/intentadeten erme
Nossa Vingança (sp)
Cúrcio Corsi (rio de janeiro)

Comida vegana, feira de materiais, conversas e música boa!

Local:
Espaço Impróprio
Rua dona antonia de queiroz, 40 | Consolação - SP